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I - Família, Seminário e Ordenação

Um sonho adiado

Pe. Ângelo sempre cultivou, desde tenra idade, a vocação missionária.
Com apenas 11 anos, manifestou esse desejo a Domenico La Salandra e Giuseppina Maria Caione, seus pais, pedindo-lhes permissão para ingressar no Seminário Comboniano de Tróia, onde morava.
Estes, a princípio, duvidaram de suas intenções, questionando a sua vocação. Mas, com argumento, convicção e coragem, contando ainda com o apoio irrestrito de sua irmã Teresa, convenceu-os, recebendo deles a bendita autorização exigida pelo Superior do Seminário.

O coração do menino nascido na cidadezinha de Biccari, em 29 de março de 1919, mas vivendo em Tróia, desde os quatro anos de idade, bateu forte, com certeza, no dia em que se dirigiu ao Seminário Menor de Tróia. É ele mesmo quem conta:

Com meu enxovalzinho debaixo do braço, em outubro de 1930, com 11 anos, bati à porta do Seminário, onde todos me esperavam, pois já estavam a par da história de minha vocação”.

Pareceu-lhe, então, que tudo lhe sorria. E foi assim durante todo o tempo em que esteve no Seminário, embora a vida, muitas vezes, fosse bastante dura.
A comida era parca. A disciplina era rígida. A chuva e o vento entravam fortes pela janela sem vidro de seu quarto. O trabalho e a oração eram uma constância em sua vida.
Essas dificuldades, no entanto, não o fizeram desanimar. Serviram, pelo contrário, para avivar a chama de amor que ardia em seu coração pela vida missionária.
Foi criado numa família alegre, numerosa, equilibrada financeiramente. Eram 13 irmãos vivos. Todos receberam o conforto material e a bagagem espiritual da fé, pois seus pais possuíam sólida formação cristã. Instruíram-nos para uma vida responsável de trabalho, estudo, fé e oração.

Duas de suas irmãs, Teresa e Lúcia, tornaram-se oblatas do Sagrado Coração de Jesus.
Seu irmão mais velho, Nicola, ordenou-se sacerdote diocesano, mais tarde, chegando a se tornar Monsenhor.
Teresa, que sempre foi devota do Coração de Jesus e de Maria, exerceu forte influência sobre o pequeno Ângelo. Foi sua catequista e procurou inculcar em seu ser, aberto já às coisas do Alto, uma grande devoção a Maria e, por meio dela, um extremado amor ao Coração de Jesus.
Vejamos como ele no-la descreve:

Foi Teresa que influiu com maior peso na minha formação espiritual durante a meninice, com seus conselhos espirituais, contando-me a vida dos Santos, encorajando-me a fazer as primeiras sextas-feiras do mês do Coração de Jesus e de Nossa Senhora. Se hoje amo e procuro fazer amar o Coração de Jesus, devo-o à irmã Teresa, que soube plantar a semente dentro de meu coração de criança”.

A presença de Maria na vida de Pe.  Ângelo passou a ser marcante, um verdadeiro distintivo. Através dela, punha-se aos pés de Jesus, experimentando seu infinito amor e oferecendo sua vida como resposta a esse amor.
Trazendo da família base espiritual tão firme, Pe. Ângelo nunca se deixou abater pelos desafios da vida de seminarista. Como ele próprio nos diz, esse foi um tempo de consolidação da formação de sua vida cristã e comunitária.
Em 1935, deixou Tróia para ingressar no Noviciado Superior de Venegono, em Florença.
Apesar das dificuldades naturais de uma despedida, seu entusiasmo era visível, vendo à frente a nova etapa que o fazia chegar mais perto da realização de seu sonho: ser missionário.
Como Santa Teresinha, pensava ele também de ir a terras longínquas levar a boa nova do Evangelho. Imaginava ir à África Central -- Sudão, Uganda, Etiópia, pregar o grande amor de Deus pelos homens, na pessoa de seu filho Jesus Cristo, como outrora fez Comboni, o grande missionário da África Central.

No final de um ano de noviciado, em Florença,  Ângelo foi acometido de uma forte pleurite que o levou a retornar à casa paterna.
Naquela época, os Seminários tinham por prática não aceitar jovens que não apresentassem boa compleição física. Desse modo, Ângelo deixava o Noviciado, sem permissão para voltar. Com pesar, o ex-noviço, sempre tão ardoroso, empreendeu a viagem de volta. Mais que a dor no peito, doía-lhe, com certeza, a dor na alma.

A doença prendeu-o na cama cerca de sete meses. À pleurite dupla somaram-se a peritonite e a nefrite.
Apesar da assistência médica e de todos os cuidados da mãe e de sua querida Teresa, que adiou sua entrada no Convento para cuidar do irmão, os sintomas não arrefeciam. Os médicos questionavam-se: o que fazer?
A melhora começou a acontecer exatamente no dia e na hora em que a procissão de São João de Deus, seguindo seu itinerário costumeiro, passava por debaixo do quarto de Ângelo, na rua em que morava. Naquele momento, toda a família contrita pedia ao Santo, tão venerado em Tróia, que intercedesse junto a Jesus em favor do doente. A partir daí, o restabelecimento foi rápido e contínuo.
O período em que ficou doente foi-lhe de grande enriquecimento espiritual.

Aceitando o sofrimento e oferecendo-o em união com o sofrimento de Cristo pela salvação de todos, viveu um grande aprendizado na fé. Literalmente nos diz:

Quem aprende a sofrer, aprende a viver, lutar, a não desanimar nunca na batalha da vida, porque toda a vida humana na terra é um contínuo combate”.

 

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