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Pe. Ângelo La Salandra, Uma Vida, Uma Missão

Maria do Socorro Coelho Cabral

Pe. Ângelo La Salandra (Biccari, Foggia, Itália, 1919--São José
do Rio Preto, São Paulo, Brasil, 2000), missionário comboniano.

 

Introdução

“Com certa freqüência Pe. Ângelo me escrevia, como escrevia a todos os seus amigos e ex-alunos de Balsas e dos lugares por onde passou na sua tarefa missionária.
Mas, em 22 de novembro de 2000, ele me escrevia para me comunicar que estava me enviando cópia de seu diário para que dele eu fizesse uso oportuno.
Minha emoção só não foi maior que minha responsabilidade diante de tão nobre e difícil desafio.
Eu teria que tirar do precioso livro de sua vida tudo que pudesse servir “para animar o povo cristão do espírito missionário e suscitar alguma vocação missionária entre os jovens”.
O ardor missionário, desejando ver proclamado o evangelho da salvação aos povos do mundo inteiro, acompanhava-o durante toda sua vida.
Quinze dias após, no dia 7 de dezembro de 2000, na vigília da festa da Imaculada Conceição, morria o ardoroso missionário comboniano, Pe. Ângelo La Salandra. Era essa data especial para ele, tanto pelo seu amor filial a Maria, como por ser o dia de aniversário de sua ordenação sacerdotal.
No já longínquo 8 de dezembro de 1942, na distante cidade de Tróia – Foggia, Itália, no Santuário de Nossa Senhora Medianeira, o jovem Ângelo, aos 23 anos, em meio a alegrias e júbilos, era consagrado sacerdote diocesano.
Esse dia 8 de dezembro de 2001, foi festejado, com certeza, de forma diferente dos anteriores, em meio às alegrias celestiais, recebendo, como servo humilde do Senhor, o justo salário, o triunfo da vitória.
Foram 58 anos de vida de renúncia, orações, contemplações, sofrimentos, alegrias, sacrifícios, trabalho, muito trabalho na messe do Senhor.
Espírito forte, combativo, entusiasta, Pe. Ângelo possuiu, durante seus 81 anos de vida, um coração que “ardia do fogo de amor que nutria por Deus e pelos irmãos”.
Como missionário, seu desejo foi sempre fazer a vontade do Senhor, intento esse várias vezes expresso na frase que tanto o identificava: vontade do Senhor, paraíso meu”.
Em função disso, procurou aceitar tudo aquilo que o Senhor permitia que lhe sobreviesse, mesmo quando, muitas vezes, o que lhe era apresentado custasse-lhe sacrifícios enormes e difíceis.
Pretendemos aqui tão-somente narrar alguns fatos que consideramos significativos da vida de Pe. Ângelo.
Entender historicamente, analisar, compreender, de forma ampla e profunda, à luz das múltiplas determinações históricas, vida rica e complexa como a de Pe. Ângelo, não foi nosso propósito, até mesmo por razões de limitação de tempo.
Este trabalho, pois, traz um relato simples, cronológico, de alguns fatos que mostram, de alguma forma, traços da personalidade, aspectos da atuação desse grande educador.
Nele também procuramos mostrar, de uma maneira sucinta e bem geral, a inserção, no contexto sociocultural sul-maranhense, da ação missionária de Pe. Ângelo e dos Combonianos na região, no período de 1960 a 1975.
A missão de Pe. Ângelo foi marcada profundamente pela sua concepção de mundo. Essa sua visão da vida e das coisas foi permeada por elementos vários, às vezes até contraditórios, ligados a épocas históricas diferentes e a momentos singulares e marcantes da vida da Igreja, como foram os dos Concílios de Trento e  Vaticano II. Além desses elementos externos, havia também fatores individuais, familiares, forjando a vida e a trajetória missionária de Pe. Ângelo, fazendo dele esse homem singular, criativo, contemplativo, realizador.
Através dos vários fatos narrados, podemos observar um sacerdote que acolheu, que se preocupou e se doou, procurando levar a Jesus os “filhinhos”, sobretudo os mais pobres e esquecidos: encarcerados, mendigos, migrantes nordestinos pobres, doentes abandonados, favelados e outros. Procurou ajudar, além desses, a tantos outros jovens e adultos, a quem orientou, educou e formou.
Ao mesmo tempo em que se mostrava rígido, era humilde, amigo, generoso, amoroso.
Achamos que o segredo para o fato de Pe. Ângelo ter atraído tantas pessoas a ele, marcando-lhes positivamente a formação e o caráter, foi sua vida íntegra, transparente, simples, despojada, plena da graça divina, da fé, do amor. Pensamos que o grande segredo mesmo foi o amor, essa força que o contagiou e irradiava a todos que dele se aproximavam, levando-os a sentirem-se amados e a crescerem moral e espiritualmente.
Por isso creio que as limitações, as falhas que, com certeza, fizeram parte de sua vida foram superadas por esse sentimento que, predominando, tudo transformou, fazendo aparecer e florescer as qualidades, as virtudes que marcaram sua vida e a de tantos outros por ele influenciados.
Madre Tereza de Calcutá nos ensina: “Cristo não nos perguntará quantas coisas fizemos, e sim o quanto de amor colocamos em nossas ações”.
Pe. Ângelo, como Santa Teresinha, doutora da Igreja, descobriu que a vocação maior do cristão é amar e procurou pautar toda a sua vida por esse prisma. Em função disso, tornou-se um sinal da presença viva e modeladora de Deus entre nós.
Narrar alguns fatos de vida tão fecunda e profundamente mergulhada no mistério do Cristo morto e ressuscitado é tarefa sedutora e edificante.
Os acontecimentos descritos, a nível da superfície, foram colhidos em seu Diário, nas cartas-circulares que escreveu aos amigos e ex-alunos, na obra biográfica de Lorenzo Gaiga sobre Pe. Ângelo e ainda no grande número de testemunhos que nos chegaram de pessoas que o conheceram, ou que com ele conviveram.
Pedimos a luz do alto, para que sejamos fiéis aos projetos de Deus e aos propósitos mencionados por Pe. Ângelo, ao nos confiar cópia de seu Diário.”


Maria do Socorro Coelho Cabral

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